terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Onde tem bruxa tem fada...

Realmente 2011 parece ser um ano cheio de potencialidades!
Na proposta de deixar aqui registrados dicas, comentários e trechos de obras literárias das quais gosto muito, retomei a leitura de uma das que eu considero mais geniais.

Presente de uma grande amiga, Onde tem bruxa tem fada..., de Bartolomeu Campos Queirós, é uma obra cheia de magia, encantamento, técnica e reflexão. Uma maneira leve e encantadora de nos chamar de volta à essência humana...

Reler essa narrativa fantástica me faz, em primeiro lugar, ver as doçuras da infância e as belezas e os privilégios de ser humano. De outro, ter mais certeza que essa expressão artística, assim como o sonho e a alegria devem ser nutridos e disseminados para que não deixeimos que os vícios superem as virtudes humanas.

História singela de uma fadinha, a Maria do Céu, que resolveu voltar à terra para cumprir sua "profissão"- realizar desejos, mas que ao chegar aqui teve uma decepção: as magias e as esperanças criadas pelo mundo adulto haviam feito desaparecer do coração das crianças as fadas.

Com uma linguagem simples, encantadora e envolvente, a obra é uma massagem na alma.

Maria do Céu escorregou pelo brilho da Lua até a Terra.


Maria do Céu, agora fada sem trabalho na Terra, passeando pelas calçadas, pensava em coisas simples de fazer: sorvete de sonho, algodão-doce de nuvem...


Alegria ninguém sequestra. Eu durmo tranquila e sem guarda para vigiar a minha casa. Alegria só aumenta e nem precisa depositar. Ela rende juros no coração.


Peçam luz de luar com gosto de suspiro para que se tenha sonho doce.


A alegria é também uma maneira de menino organizar o coração.


PARA ONDE VAI O MUNDO SEM IMAGINAÇÃO NEM FANTASIA?

Agora vou dormir tranquila, sabendo que Maria do Céu depositou no meu coração a alegria de menino... e que ela vai estar sempre ali para quando eu precisar!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

(RE) Aquecendo os motores

Chega a hora de recomeçar...
O ano novo chegou, passaram as festas e o momento de descanso. E, nossas metas, impostas por nós mesmos, nos instigam a retornar.

Inauguro o ano de 2011 no Partilha retomando sua essência: ser uma forma de vazão à minha necessidade e, ao mesmo tempo, prazer em compartilhar.. sonhos, questionamentos, alegrias ou descobertas.

Lembro também do compromisso feito no final do ano passado. Que esse blog possa ser ainda mais do que ele foi em 2010, ano de sua idealização e início de construção.

Sendo assim, decidi dedicar aqui um espaço especial para uma das minhas maiores paixões e motivações: a literatura, especialmente aquela dedicada às crianças, sejam elas grandes ou pequenas.
Quero poder, por meio do Partilha, levar aos que me seguem a fantasia que encontro nos livros...

Então, para retomar e recomeçar, publico hoje um texto escrito por mim ainda na faculdade, como fruto de minha experiência (curta, porém intensa, engradecedora e gratificante) com a docência de literatura com crianças e jovens de 11 a 15 anos.
Ele fala de modo simples e poético, mesmo se fundamentando em grandes nomes do estudo e crítica da literatura, como vejo e lido com essa expressão artística.

Depois disso, irei dar dicas, comentar, postar trechos das obras que me permitem ser mais gente.

Bom retorno!!!

Literatura: janelas para/do mundo
(Ana Carolina Ferreira Francisco)

O que é a literatura?
Pergunta simples e comum com resposta complexa, a qual muitos se arriscam dar: professores de literatura, críticos, escritores, pensadores etc. Tem definições relacionadas à arte, à cultura como erudição, à expressão humana, à forma de conhecimento, entre outras, mas todas elas nos levam a pensar nessa arte como “janelas para e do mundo”.
Esse texto não tem grandes pretensões ao tratar da definição da literatura, mas irá apresentá-la na metáfora de janela, uma vez que, por meio desse objeto, podemos enxergar o mundo de várias maneiras, partindo do particular para o universal.
De acordo com Yunes (1984) a literatura tem uma relação com o real, mas ela “expande a existência existencial pela linguagem simbólica, e pela catarse retórica, envolve o leitor de modo a fazê-lo perceber, criticamente a partir do texto, o contexto em que está inserido, facultando-lhe visões de mundo originais” (YUNES, 1984, p.132). Desse fragmento é interessante destacar a possibilidade que a literatura concede ao leitor de ter visões de mundo originais. Isso significa que, sendo a literatura uma leitura, versão ou discurso da realidade, permite ao leitor entender, compreender, ler e criticar a realidade em que está inserido por um outro discurso, o ficcional.
Para Candido (1972), a literatura tem três funções: satisfazer a necessidade universal (isto é, do ser humano em qualquer tempo e espaço) de fantasia; contribuir para a formação da personalidade e também de conhecer o mundo e o ser. Essa última na medida em que “trazendo livremente em si o que chamamos de bem e o que chamamos de mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver” (CANDIDO, 1972, p.806). Nesse sentido, percebemos que a literatura, ao falar do real de modo subjetivo e tratar de temas universais, se transforma em uma janela, pois media a relação homem e mundo por meio da linguagem artística, expressão humana do mundo.
(...)Assim, poderíamos dizer ser a literatura um simples retrato do real com intenção de instruir? Não, pois é arte, e, assim sendo, é expressão humana e humanizadora, um discurso sobre a realidade, tendo um olhar subjetivo de quem escreve e, consequentemente, de quem lê. A literatura tem, portanto, função formadora, do sujeito uma vez que “... exprime o homem e depois atua na própria formação do homem” (CANDIDO, 1972, p. 804).
(...)Da janela da leitura literária se descortina o mundo ao leitor, que experiencia um novo olhar sobre aquilo que de lá da janela passa: a vida, pois, de acordo com Yunes (1984), a arte é uma alternativa de conhecimento do mundo.
(...) Finalizando, a literatura é janela do e para o mundo. Por essa larga e mágica janela suprimos nossa necessidade da fantasia, formamos nossa personalidade e conhecemos – re-conhecemos, interpretamos, criamos – o ser e o mundo.

Referências Bibliográficas(para quem quiser ir além)

CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: Ciência e Cultura. 24(9). Setembro, 1972, p.803-9.

YUNES, Eliana. Literatura e Educação: a formação do sujeito. In: KHÉDE, Sonia Salomão (org.). Os contrapontos da Literatura: arte, ciência e filosofia. Petrópolis: Vozes, 1984.

BETTELHEIM, Bruno. Introdução: a luta pelo significado. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.